outubro 31, 2011

Ministro Álvaro continua equivocado

O Ministro da Economia continua a defender a meia-hora de trabalho diário a mais, para as empresas privadas (à custa dos seus trabalhadores).

E diz que pior seria lidar com o desemprego que se desencadearia sem aquela meia-hora...

Ora, a meia-hora só servirá às empresas que estejam em máxima capacidade de laboração, com aproveitamento total do pessoal disponível. E se essas empresas estão a laborar a ritmos tão alucinantes, serão as últimas a precisar de incentivos desta ordem. Para produzir mais, empregariam mais.

Para as outras empresas, a medida só potencia o desemprego. Pois as empresas passam a contar com a mesma mão de obra, despedindo 1 por cada 14 empregados. Com o que ganham com os trabalhadores que ficam, poderão indemnizar os que são desempregados. Dessa forma, o Estado fica mais carregado com despesas sociais (mais subsídios de desemprego).

E, com isto, o trabalho disponível (cada vez menos) fica pior distribuído.

A medida correcta seria a inversa: ceder aos empregadores a possibilidade de reduzir o tempo de trabalho de cada unidade de emprego, com a redução proporcional da remuneração. O valor/hora mantinha-se.

As empresas com pessoal a mais (numa economia recessiva, a procura baixa e a oferta precisa de ser ajustada) a medida ideal é esta. Evita falências e despedimentos. E os custos fixos das empresas baixam, dando uma lufada de ar fresco à competitividade da empresa. Um choque económico, baixando rendimentos, mas não produtividade (custo/hora). Os trabalhadores entenderão melhor um choque nos rendimentos se o tempo de trabalho acompanhar o ajustamento.

Nas empresas que empregam em massa, o procedimento poderá ser (socialmente) inverso. Reduzindo tempo de trabalho e empregando em contrapartida, distribuindo melhor o trabalho. Ou poderão nada fazer (é medida opcional).

O ajuste necessário nesta matéria é a redistribuição do trabalho disponível. É preciso distribui-lo melhor. E não o contrário, que é o que se obtém com esta medida...

Ministro Álvaro, repense a decisão. Liberte-se das pressões corporativas dos grandes, que apenas desejam crescer ainda mais (logo os que não precisam), à custa da passagem de responsabilidades sociais para o Estado.

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