outubro 17, 2012

A rebelião dos pobres

Li, ontem, no jornal i, um texto de um jornalista (Mário Dias Ramos) que descreve uma rebelião dos pobres que estaria a ocorrer em países que enveredaram por políticas liberais e neo-liberais.

O texto refere Josué de Castro, Alvin Toffler e ainda (veja-se) Mário Soares como promontórios dessa revolução dos "pobres contra os ricos" e contra - veja-se - a globalização.

Como é possível estar tão errado...

A realidade é oposta.

Todos esses "pobres" revoltados, que o jornalista Ramos aponta, são muito mais ricos e têm níveis de vida incomensuravelmente superiores (ganhando subsídios e rendimentos mínimos) aos de qualquer trabalhador chinês ou indiano, que trabalha 12 e 14 horas por dia, nas fábricas que abastecem o Mundo.

São esses os verdadeiros pobres que estão a se revoltar, através do trabalho, contra a sua situação anterior. E a sua arma é ... a globalização. E através dela, atraem os capitais disponíveis do Mundo, o trabalho e, com ele todo o potencial de riqueza que ainda resta no nosso planeta.

Pelo que a verdadeira rebelião global é esta e não a que é vista por Mário Dias Ramos ou Mário Soares. A realidade nos países desenvolvidos, assim mal interpretada, não é mais do que o efeito dessa redistribuição de riqueza que agora se faz globalmente. Os indignados de Ramos e Soares não são mais que uma parte visível da reacção da sociedade dos ricos (sim, ricos face à realidade global) perante a redução da sua riqueza, em processo de redistribuição...

E, se as políticas que se vão seguindo nos países intervencionados são liberais ou neo-liberais, então, vou ali e já volto... porque, aumentos de impostos e taxação dos capitais... nenhum governo comunista faria mais e melhor.

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