novembro 12, 2012

O lado negro da força

Os problemas de hoje, no País, são profundos.
Temos um governo de direita que actua à esquerda (aumenta os impostos e o consumo do Estado face ao PIB).

A única alternativa democrática (o PS de Seguro) pede “crescimento” e diz que a sua política é o “crescimento”. Infelizmente, o que cresce é a demagogia. Porque não se cresce economicamente, por decreto. Precisamos de produzir mas isso não basta. É necessário qualidade e preço. Precisamos de investimento estrangeiro, mas não podemos "puxar" investidores para cá, sem termos antes, o que necessitam. E não há nenhuma solução rosa, nem quaisquer medidas concretas,  em cima da mesa, que não custem o dinheiro que não temos, para lá chegar.

A verdade é que alguma coisa foi necessário fazer quando essa mesma esquerda rosa deixou o país de mão estendida. A realidade é que, no final desse período de desgoverno socialista, a dívida foi renegociada (é isso o Memorando de Entendimento). Nesse processo, a troika foi chamada por Teixeira dos Santos (pelo PS) que negociou e desenhou esse documento. E aí se indicou que nos emprestavam o dinheiro que precisávamos para não cair na bancarrota (não haveria dinheiro para pensões, salários e financiamento de serviços públicos como a saúde, educação, justiça e segurança) caso não mudássemos de vida. E essa mudança, como é óbvio, não era para melhor. Pelo que a boa vida rosa que Sócrates nos deu (éramos ricos e não sabíamos), à conta de dinheiro emprestado, tinha acabado e, quem nos emprestou, queria, agora, o dinheiro de regresso.

Entretanto, Passos e Gaspar tiveram que seguir o acordado e isso foi a sua perdição. Um memorando com medidas draconianas - negociadas pelos socialistas - que se vieram a se revelar pouco frutuosas.

A alternativa não é a esquerda. Afinal, o governo (formiga austerista) só está a procurar os objectivos (défice e dívida) negociadas por essa esquerda (rosa) para resolver um problema também criado pelos socialistas. As medidas variam, têm avanços e recursos, mas os resultados são sempre os mesmos: maus. E não se vislumbram, vindas dessa zona ideológica, quaisquer soluções.

É comum dizer-se que para Seguro (cigarra gastadora) chegar ao poder bastará fingir-se “morto”. E é isso que tem feito. Conseguiu (com o PS e Sócrates) que um governo que vinha conotado como liberal aplicasse as medidas socialistas “difíceis” negociadas por eles, com a troika, assumindo todo o desgaste desse facto. Mas mais: medidas que se tornaram necessárias pelo desgoverno de anos ... deles. E para o futuro? Nada. Mais do mesmo e vacuidades tais como “não queremos austeridade… queremos crescimento”.

Na área da direita liberal, tudo parado. Não é possível agir pois o governo tomou como sua a política imposta pela troika (memorando socialista, relembre-se) que é tudo menos ... liberal. Por outro lado, Passos e Gaspar já estão a chegar ao ponto de não retorno, onde a alteração de políticas já não se podem fazer … com as mesmas pessoas.

Entretanto, a rua cresce…

Tudo isto para gáudio da esquerda negra, que vive da indignação, da insatisfação, da lástima, da miséria e do desemprego que medra nas ruas. Que se alimenta e cresce a partir do agravamento desse estado de coisas. Do negativismo, da infelicidade crescente.

O que nos leva à recente polémica face às afirmações de Isabel Jonet. Uma acção meritória (no Banco Alimentar) que tem vindo a colmatar muitos problemas que o Estado Social não resolve (e, não nos esqueçamos, não há dinheiro sequer para manter este Estado Social, muito menos haverá para aumenta-lo para que possa fazer mais).

Essa esquerda negra não gosta desse tipo de intervenção. Pois esta resolve ou no mínimo, atenua, situações e problemas graves de muitas famílias  E também não gosta porque essa acção potencia a retirada dos indignados da rua ou seja, tira-lhes “o pão para a sua boca”…

Acha que o Banco Alimentar faz a politica do "pega o pacote de esparguete". Para eles, tudo é devido a toda a gente. Como se tudo caísse do céu, com ou sem o trabalho que o pudesse permitir. Infelizmente, toda a galinha dos ovos de ouro, acaba esfolada, nas mãos destes...

A esquerda negra apela à força, à rebelião, ao protesto, à indignação. E chegam aí pelo desemprego, pela miséria, pela fome. Pelo que querem que tudo isso cresça e aconteça. Pois, com tudo isso e só assim, também eles crescem...

A manifestação dos militares e o congresso do Bloco acrescentaram notas preocupantes sobre estas matérias.

E esta malta é perigosa. Só aceitam a democracia até que e apenas enquanto dá jeito…

Mas,

Passos e Gaspar tentaram e falharam. Seguiram o memorando rosa-troika e isso falhou. O País está no limite da extorsão fiscal, da queda dos rendimentos e cada vez mais, na rua…
Infelizmente usurpam a “vaga” e o espaço ideológico da direita e uma grande parte da população acha que as políticas liberais são estas

É preciso mudar mas, infelizmente, não se vislumbram alternativas no terreno. Ou melhor, quem possa pegar nelas e avançar.

Isabel Jonet teve razão em quase tudo. Mas teve ainda mais razão quando referiu que o crescente número de famílias e pessoas em dificuldades tinham de ser ajudadas para reduzir o seu desespero e indignação. Pois caso contrário, os problemas na rua serão tão grandes que todas as medidas que se possam definir, a partir daí, e por muito bem desenhadas que estejam, não terão terreno para vingar (a esquerda negra tratará de garantir isso).

Ora, por isso, a primeira grande medida será inverter por completo as políticas de trabalho e emprego de Passos e Gaspar. Que têm seguido a direcção inversa das que são necessárias e aconselháveis. Há menos trabalho e o crescimento é uma miragem (impossível nos próximos anos). Em vez de dividir esse pouco trabalho por mais pessoas, trataram de aumenta-lo para muitos (mais horas, menos férias, feriados, reformas mais tardias) o que provocou despedimentos em massa. E aí, grupos de indignados e a juventude na rua ou a emigrar. Neste caso é o nosso futuro a sair porta fora. Mesmo que exista uma agenda conspirante, com vista ao desemprego, escondida...

É necessário introduzir uma política de divisão/distribuição do trabalho existente (sem prejuízo de que, logo de seguida, procuremos criar mais trabalho) incluindo no mercado de trabalho, pelo menos 70% dos desempregados atuais. Isto faz-se com menos egoísmo dos que estão (até quando) seguros, nos seus empregos atuais. Dando lugar, principalmente aos jovens, bem formados. Evitando a sua saída para o exterior, que é um problema para o nosso futuro. Sem jovens, não haverá uma força de trabalho com mais formação, não haverá crianças, não haverá futuro. E são os jovens, que têm mais ganas de “engordar” as manifestações de indignação, da esquerda negra.

Desta forma teremos muitos mais a trabalhar, um país mais equilibrado, com menos insegurança e indignações. Mais a contribuir e a pagar impostos e menos a receber subsídios e a imigrar…

E teremos que fazer bastante mais:

Não é necessário mais dinheiro. Com acordo geral dos credores, deveremos congelar a dívida. Assegurando que os Fundos Internacionais os acodem e garantem os pagamentos das próximas tranches (que se acumulariam em nova dívida, renegociada, a prazos longos e taxas não extorsionárias).

Deveremos encontrar instrumentos para olear a economia (liquidez) e conseguir o financiamento interno do défice, a anular gradualmente num período de ajuste (5 anos) que se iniciaria agora; e devem ser repostos os rendimentos (devolução dos subsídios, tal como se concediam antes ou divididos pelos salários mensais) e os impostos, aos níveis anteriores (que já eram altos).

Deve ser salvaguardado o sector bancário naquilo que é essencial para o país: crédito habitação e financiamento da economia.

O Turismo deve ser cuidado (com pinças) bem como toda a indústria (restante) e serviços que tenham incorporação forte de bens e serviços nacionais.

Deve ser criado um grupo de pressão de países em dificuldades que imponham, na Europa, políticas coerentes com a sua situação.

Deve ser alterar o sistema fiscal e o financiamento da Segurança Social.

E sim, finalmente, deveremos refundar o Estado, ajustando a Constituição. Não para o diminuir, mas para o sustentar. Porque aquele que temos neste momento é … suicida. Ou ajustamos ou afundamos.

Resta-nos, talvez, o Presidente da República… e uma solução abrangente.
Mas, em cada dia que passa, se aperta o túnel das soluções…

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