janeiro 25, 2013

Uma boa semana para Portugal

Esta semana, duas notícias positivas: o défice ficará pelos 5% e foi possível garantir um financiamento externo de 2,5 mil milhões.

Se o défice foi de 5% - mesmo que com alguma ajuda dada pela venda da ANA - a verdade é que é uma melhoria substancial face aos 10% (estruturais) que Sócrates e o PS nos deixaram.

Se a taxa do novo empréstimo é de quase 5% (acima das aplicadas pela troika), a verdade é que nos emprestaram esse dinheiro.

Felizmente, é adiada a rotura. 
Infelizmente, os problemas estruturais continuam. Vejamos:

Se temos um défice - e esse é o problema que se mantém - então, a dívida continua a subir. 

Se nos emprestaram, então, significa que nos permitiram manter esse défice por mais uns anos.

Mas, agora, o pior: se não há crescimento (e não haverá, tão cedo), se há mais desemprego e o nosso futuro (a juventude bem formada emigra) sai pela porta fora, o que sobra para o futuro? Mais dívida criada pela despesa de hoje, a sobrecarregar, ainda mais, os poucos que sobrarão amanhã.

Ao contrário do que dizem uns, não adianta investir um Euro para obtermos um crescimento de meio euro. É que, não tendo, verdadeiramente disponível, esse euro (temos que o pedir emprestado), o tal crescimento de meio euro será insuficiente para pagar o correspondente crescimento da dívida.

Estas vitórias da liquidez são sucessos de hoje a pagar amanhã.

A verdade é que, para pagar uma dívida - ou para estancar o seu crescimento - não precisamos de crescer. Muito menos da forma descrita em cima, em que o investimento custa mais do que o crescimento originado. 

Para para pagar uma dívida, precisamos de gastar menos do que ganhamos. Ou de ganhar mais do que gastamos. Tanto dá. Ou seja, precisamos de anular os défices.

Claro que, em rotura, nada disto seria possível. Daí que precisamos da normalidade, da liquidez e de melhorias estruturantes no défice para nos abalançarmos para o resto. E o resto será muito e difícil. Com uma certeza: nada será como dantes

E é preciso entender: não estamos em crise. Estamos apenas a ajustar em baixa. E não haverá crescimento. Pelo menos, antes de cairmos bastante (no tal ajuste).

É necessário refundar o Estado e implementar novas políticas: no trabalho, na fiscalidade, na justiça. Para que a economia reacenda e produza os recursos a redistribuir. O Estado Social deve ter essa dimensão (a dos recursos efectivamente libertos por uma economia saudável e não fiscalmente espremida) e não outra qualquer dimensão imposta por leis e fixada por direitos adquiridos

A defesa desse Estado Social é o realismo: deve ser o possível, sustentado e não o impossível, suicida.

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