fevereiro 12, 2014

A saída da troika, o fim das provações...

Fim das provações?

Porque somos tão cegos e surdos no que se refere à realidade? Porque não a enfrentamos olhos nos olhos?

A verdade é que a saída da troika não nos vai trazer de volta os dias faceis do PS e de Sócrates. Não estamos numa crise momentânea, em forma de U, que vai acabar numa situação ao nível do ponto de partida. Já escrevi isto N vezes. Estamos num processo de ajuste. E o ajuste só estará completo quando o défice se anular. Quando ficar a zero. Até lá, será sempre a descer. Tal como um avião aterra numa pista: vem de cima e termina em baixo... Em forma de L.

O défice público estará em 2014 nos 4%. Temos vindo a faze-lo descer (todos temos pago por isso) 1 a 1,5% ao ano. A este ritmo (sim, mais cortes nos rendimentos e/ou mais impostos) teremos ainda 3 anos até ao défice zero.

O Estado, com Sócrates gastava mais 20% do que recebia (considerando um défice de 10% do PIB e simplificando a partir de uma despesa pública equivalente a 50% do PIB). Isso engrossou a dívida até níveis que impossibilitaram a nossa vida (os juros a pagar subiram e as taxas também). Ficamos na bancarrota.

Hoje, o Estado está mais pequeno. Gastará em 2014 apenas mais 8% do que recebe. Mas não acabou o ajuste. Precisa de desbastar esses 8%...

A saída da troika apenas indica que percorremos a parte inicial do percurso. Quem vier (ou ficar) terá que completar o trabalho. Mas o que foi feito até agora, invertendo as praticas socialistas anteriores, deu confiança a quem nos empresta e, por isso, temos (voltamos a ter) quem nos empresta para refinanciar a dívida existente e o valor do défice (que, como todos os défices, engordam a dívida).

Seguro está inseguro. Pois sabe que mente com todos os dentes ao dizer que vai inverter o processo da austeridade. Não vai, não pode, não tem dinheiro, e quem o tem, não lhe vai emprestar porque não confiam nele e no que promete. O tempo da cigarra ainda não chegou. É preciso mais formiga...

Hollande, Seguro, venha o diabo e escolha.

O Estado (também o social, dos serviços públicos, das pensões e subsídios) terá que continuar a emagrecer e a reduzir. Até se ajustar à riqueza produzida no País. Mas, nesta matéria há políticas a corrigir. E nunca para o que defende a esquerda, pois a austeridade terá que continuar. Mas numa outra direção que já indicamos aqui. Políticas de gestão da dívida (mais interna, menos externa) e de redistribuição do trabalho existente. Neste caso, através dum exercício de partilha comunitária, de solidariedade social interessante que reduziria os rendimentos de quase todos mas que, em contrapartida, faria subir a sua qualidade de vida (menos tempo de trabalho), ajustaria as empresas e o Estado e reduziriam o desemprego e os consequentes custos sociais. [Ler aqui]

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