Mas, um dos objetivos da criação de moeda é, claramente, a
criação de liquidez que permita a atividade financeira na economia. Ou seja, se
criar mais dinheiro não permite reduzir défices e dívidas públicas (pelo
contrário...) serviria para colocar tudo a mexer, criando capacidade nos bancos
para oferecer a liquidez necessária que permita concretizar pagamentos hoje, por conta de receitas de amanhã. A realidade mostra que o dinheiro não aparece, que os bancos não
dispõem e que tudo fica “preso”. Este não paga aquele que, por sua vez não paga ao
outro, que não paga ao primeiro, ao fisco ou à segurança social. E, em incumprimento
fiscal e/ou social, as empresas não podem receber, pelos serviços e bens fornecidos
ao Estado. Um paradoxo...
Que soluções?
Talvez fosse de explorar uma possibilidade:
O Estado emitiria um conjunto de títulos de dívida comercial
de reconversão e uso totalmente fechado.
Com o acordo dos seus fornecedores, o Estado poderia pagar-lhes através destes títulos. Numa parte ou no todo da sua dívida. Esses
novos “papeis” virtuais não seriam reconvertíveis nem vendáveis e serviriam, apenas e
exclusivamente, para o pagamento de impostos e segurança social. Este mecanismo
permitiria resolver o eterno problema em que não é possível fazer “encontro de
contas” com o Estado e com os seus organismos centrais, regionais e locais (quando estes são simultaneamente devedores e credores).
Cada contribuinte teria uma “conta” onde se registariam os
valores dos títulos detidos. Mais uma vez, anoto: estes pagamentos, através destes
títulos, apenas seriam possíveis com o acordo do fornecedor. O Estado, por outro
lado, aceitaria sempre o pagamento de impostos e segurança social por esta via.
Mas, ir-se-ia mais longe: o movimento de valores entre
contribuintes seria possível. Um movimento feito sobre as “contas” dos mesmos e
com, exatamente, os mesmos fins.
Se é verdade que esta possibilidade não resolve os problemas
do défice e dívidas do Estado, o certo é que resolveria muitos problemas aos
agentes económicos e às empresas. Na equação Estado-Economia, o segundo
interveniente teria enormes mais-valias, pois uma parte importante das relações
financeiras poderia avançar sem liquidez real (ou libertando a pouca que existe para outros efeitos) que, sabemos nós, será muito
difícil de repor aos níveis de anos atrás…
Aproximamo-nos cada vez mais da economia básica da troca e pronto-pagamento.
Mas perante a escassez de liquidez, são precisas soluções. Claro que os lóbis
bancários e do sistema de mercados financeiros internacional não vão gostar.
Mas será preciso virarmo-nos para algum lado…
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