setembro 24, 2012

Falta o ajustamento do Estado, Sr. Ministro Louça Gaspar

Com as contas externas equilibradas (apesar de muita da despesa ser conjuntural) resta ao Estado ajustar as suas contas. O que se está a tornar o problema mais complicado de resolver.

Se é verdade que as contas do Estado estão desequilibradas por muitos anos de gestão danosa por parte das “cigarras” que nos (des)governaram até 2011, também é verdade que as “formigas” que se seguiram não fizeram bem o seu papel.

A estimativa de receitas públicas falhou completamente. As "formigas" foram totalmente inaptas na avaliação dos impactos na Economia (e nas receitas fiscais, desemprego e despesas sociais) das suas medidas de austeridade (corte nos rendimentos e aumentos de impostos). E por isso, a atitude do Sr. Ministro deveria ser mais humilde na decisão de exigir mais esforços a todos os outros. E devia pedir desculpa pelo que falhou, da sua parte. É porque a justificação da queda das receitas nas contas do Estado ajustam-se, de igual forma, a todas as outras estruturas e organizações públicas e particulares. O problema é a ECONOMIA.

E não conseguiram explicar que os cortes na despesa pública são, também e quase exclusivamente, cortes dos rendimentos dos funcionários, na educação, saúde, segurança social, segurança, justiça, forças armadas, etc.

Gaspar é exigente e imperturbável nas decisões de austeridade. Pois só assim, diz ele, a troika aceita a continuação do processo de financiamento que precisamos como pão para a boca, depois dos anos de vacas gordas geridas pelas “cigarras” socialistas.

Gaspar exige a todos os outros o aumento da austeridade. Para compensar o seu … falhanço na determinação da receita (logo do défice). E a troika até aceitou, reduziu as metas e adiou o prazo. A troco da exigência e rigor de Gaspar perante … os outros. Até porque o falhanço (claro) de Gaspar será – também - um falhanço (nítido) da troika.

Sendo o Estado (e as suas contas) o PROBLEMA mais grave que enferma o nosso País, é preciso focar as medidas a tomar na sua solução.

Precisamos de um Estado que se ajuste, mas que, ao mesmo tempo não leve a economia consigo, pelo esgoto abaixo.

Precisamos de um Estado que reduza a sua ação (de serviço público e social) ao nível dos recursos que a economia produz e que aloca, para esse efeito. Mas que, ao mesmo tempo, não crie uma situação social insustentável, logo potencializada pelo canto das cigarras (a comunicação social, quase toda de esquerda) socialistas.

Precisamos de um Estado técnico, mas com alguma política pois, quando se pretende envolver todos (num processo destes, de ajuste em baixa) também se consegue que todos sejam “contra”…

Basta ver os assanhados repórteres da RTP (o Governo tocou numa das vacas sagradas) e dos seus repórteres no acompanhamento de todas e quaisquer manifestações contra o Governo em qualquer ida de um ministro, aqui ou ali. Qualquer indivíduo mais ou menos isolado, mais ou menos arregimentado, com um cartaz ou uma vuvuzela, tem logo voz no telejornal… E quando questionado, “porque está aqui?”, a uma resposta vaga (porque estou insatisfeito) se segue logo um comentário do jornalista que todos (os presentes, o povo, os portugueses), estão a pedir uma mudança. E logo se extraem comparações de um qualquer 15, 19 ou 21 de Setembro com o 25 de Abril face ao povo que está nas ruas a pedir uma revolta…

O processo a seguir:

1)Congelar a dívida actual (será o papel da troika, assegurando aos nossos credores os valores que se vão vencendo) transformando-a em dívida a médio/longo prazo com juros não extorsionistas (e agiotas).

2)Definição de um plano de erradicação do défice público (5 anos).

3)Plano gradual de transição do actual sistema de financiamento público via recursos externos para um sistema baseado em financiamento interno. Através de um novo instrumento, a manter ao longo do período de vigência do plano acima indicado.

4)Criação desse instrumento financeiro que trará os benefícios (internos) da criação de moeda, sem os inconvenientes (externos) apontados pelos países fortes da moeda única.

5)Este instrumento financiará o Estado via recursos internos, sendo o processo algo “forçado”, mas facilmente entendido se bem explicado e se implementado em paralelo com medidas de alívio da austeridade.

6)Este financiamento, através deste  instrumento  permitirá ao Estado ter mais tempo para o seu ajuste, o que trará benefícios na redução da austeridade, na queda da economia, na perda de empregos, de receitas fiscais e sociais.

7)As medidas de redução da austeridade poderão passar pela devolução de um subsídio aos funcionários públicos e reformados (através de fundos fiscais); pela reposição da TSU nos termos anteriores; na devolução do seu valor (também em fundos fiscais) às empresas nacionais produtoras de bens transacionaveis em concorrência (interna e externa); “devolução” do IVA cobrado (em fundos fiscais) ao sector do turismo (passando a tratar este sector como de exportação – que é); idem para o excedente do IVA cobrado na restauração (valores entre a taxa média e a máxima). Os custos financeiros destas medidas são suportados pelo novo financiamento (em fundos fiscais) constituindo as medidas de introdução de nova moeda que poderão potenciar o crescimento enquanto se faz o ajuste.

8)Tomar uma medida no âmbito da redistribuição do trabalho, permitindo que os empresários possam ajustar unilateralmente - em baixa - os horários dos seus funcionários até 7%, com a correspondente redução remuneratória. Esta medida trará a equidade face aos funcionários públicos e pensionistas.

Atenção à inutilidade na taxação dos recursos monetários (depósitos e poupanças) que, depois da primeira investida e, perspectivando as seguintes, logo fugirão dos bancos nacionais (que ficarão ainda mais descapitalizados) para os bancos alemães e ... para os colchões.

Atenção à necessidade de dar idêntico tratamento no referente à redução dos custos do trabalho às empresas que exportam e às empresas que produzem bens transacionáveis consumidos em concorrência com a produção externa, no mercado nacional. Até porque, para a balança comercial, um euro exportado vale o mesmo que menos um euro importado. Sendo que, para a economia nacional, um euro não importado que é substituído por um euro de produção nacional acrescenta trabalho, emprego, receitas fiscais e sociais.

E atenção ao PP/CDS que resista ao seu fundo populista e algo promiscuo, no desejo de contabilizar apoios, dançando entre o PSD e o PS…

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