A produção tem vindo a transitar gradual e inexoravelmente,
dos países desenvolvidos para os países emergentes. Principalmente para a Ásia,
com preponderância da China.
É por esta razão simples que não nos venham falar de
crescimento económico nos países desenvolvidos porque isso não é mais do que
“banha da cobra”. Mas não é apenas devido aquela razão.
Desde o início do século que os países desenvolvidos
começaram a aceder a bens e serviços muito baratos vindos da Ásia. O consumo
subiu, a ilusão cresceu. Sem produção primária e cada vez com menos indústria,
o imobiliário passou a ser rei. O dinheiro estava barato, todos pediram
emprestado.
Os Governo democraticamente eleitos, continuaram a fazer o
que sabem melhor: gastar muito e cada vez mais, para corresponderem aos desejos dos seus eleitores
(passados e futuros).
Com menos trabalho (a queda da produção interna continuava)
gastaram cada vez mais em apoios sociais. E compensavam a queda do emprego a
partir de despesa pública crescente. Com a economia a se retrair, tinham menos receitas fiscais. Assim, a manutenção do status quo originou défice e mais dívida.
Em Portugal, passamos alguns anos a gastar mais 20% do que dispunham (10% do PIB = 20% despesa pública). Através de políticas erradas que nos trouxeram aqui.
Hoje, temos políticas erradas que não nos conseguem tirar daqui.
Uns foram responsáveis pela situação, outros foram
ineficientes em tirarem-nos dela.
Não precisamos novamente dos primeiros. E queremos os segundos
fora. Porque as novas políticas de que necessitamos como de pão para a boca (algumas são de inversão total do que foi tentado
pelos troikanos) exigem novas pessoas.
Mas não será a esquerda que terá condições para inverter
isto. Pois, por exemplo, será necessário pagar a dívida e manter a austeridade
(ou, diria melhor, atingir a sobriedade nos gastos). Será determinante manter a
austeridade boa e eliminar a má (este governos e as políticas internacionais
implementaram soluções que acabaram com a economia).
Precisamos de reconhecer e aceitar a situação. Só assim poderemos evoluir para soluções efectivas. Não vai haver qualquer crescimento. Pelo menos antes de cairmos bastante. Não estamos a passar por uma qualquer crise, de onde se recupera para a situação de origem. Estamos a ajustar em baixa, para um ponto situado bem abaixo daquele que alguma vez teremos pensado poder cair um dia.
Precisamos de reconhecer e aceitar a situação. Só assim poderemos evoluir para soluções efectivas. Não vai haver qualquer crescimento. Pelo menos antes de cairmos bastante. Não estamos a passar por uma qualquer crise, de onde se recupera para a situação de origem. Estamos a ajustar em baixa, para um ponto situado bem abaixo daquele que alguma vez teremos pensado poder cair um dia.
E dividir o trabalho disponível (até que sejamos
capazes de criar condições para que este aumente) assegurando que temos menos
dependentes de subsídios, indignados nas ruas, menos jovens a emigrar (como
vamos sobreviver num futuro próximo sem jovens?), fazendo crescer o número de contribuintes que pagam
impostos e contribuições sociais.
Para aqui chegar temos que mudar. O perigo está justamente
na mudança. Mudar para o António Zero Seguro e para os seus colegas que nos
trouxeram até aqui? Esperemos bem que não. Pois a solução estará no outro lado.
Mas para isso, Passos Coelho terá que "se sentir” e sair pelos seus próprios
pés, abrindo caminho para um Governo de iniciativa presidencial. Pois não só não
pode haver iniciativa presidencial sem a saída do 1º ministro (aí o Presidente teria que dissolver a AR e marcar eleições) como o PS sabe bem que lhe convém que seja o PSD a tomar todas
as medidas complicadas do Memorando. Porque se for para o governo, agora – e Seguro
já assumiu isso – terá de ser o PS a implementa-las, com todo o peso e penalização
eleitoral que isso significa. E isso não está na genética (da cigarra) socialista.
Quem não gosta nada disto são os barões do PSD. Pois será
sobre o PSD que cairá toda a carga negativa das medidas impostas pelos nossos
credores...
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